Quem disse que você tem amanhã?
- VILLY FOMIN
- 28 de abr. de 2022
- 2 min de leitura
Vi um post aqui no Instagram sobre a saída de um jornalista de uma grande rede de comunicação. A matéria relatava um pouco sobre a sua trajetória de sucesso, a imagem do post continha uma frase do jornalista: “Hora de curtir a família”.
Acredito ser contraproducente essa ideia de focar na carreira e jogar para o final da jornada profissional o momento de desfrutar das coisas boas da vida, assim como de dar e receber amor das pessoas que amamos. Não estou pegando gratuitamente no pé do jornalista, mas frase dele despertou em mim esses pensamentos que reparto com você. Por que a frase mexeu comigo? Porque ele, você e eu, somos filhos e filhas desse sistema que não olha para os afetos com o mesmo cuidado que olha para as resultados. Não valoriza laços emocionais como valoriza a meta de venda batida no final de cada mês.
A vida? Trabalhar para se aposentar e então, “curtir”. Entendo ser esse um péssimo projeto de vida, afirmo isso por diversas razões (que não são possíveis de serem colocadas aqui nesse espação tão pequeno) e uma delas é a arrogância que está escondida nesse modelo.
Quem disse que você tem amanhã? Quem garante que você estará vivo daqui x anos para então “curtir” as pessoas que você ama? A vida é agora e precisamos aprender a administrar a agenda existencial para que a vida não se reduza a viver para ganhar dinheiro. Então não posso ganhar dinheiro? Pode sim, mas cuidado para o dinheiro não ganhar sua alma, seu propósito, seu sentido de vida. Ganhe dinheiro, mas sempre ganhe do dinheiro.
O tempo é curto, o dias voam, as demandas são grandes e isso não irá mudar, o que tem que mudar são os critérios que utilizamos para eleger as nossas prioridades. Nos leitos terminais as pessoas lamentam os beijos e os abraços que não foram dados e não os carros que não foram comprados. O que fica são as risadas em volta da mesa, a lembrança das lágrimas que encontraram colo, os olhares da intimidade que conseguem expressar belezas no silêncio.
Um dia todos nós daremos o derradeiro suspiro, enquanto esse dia não chega podemos fazer com que dias considerados comuns sejam únicos. Acredite, eles podem ser.
© VILLY FOMIN I Psicanalista Clínico

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